GT A Ordem

>sec 18
>tinha 10 anos
>eu e meu veio nunca tivemos boas condições
>viviamos de bico, sem salário fixo
>muitas vezes trabalhávamos mais de um mês para receber um pedaço de pão
>era um inferno
>às vezes precisávamos roubar para não morrer de fome
>um dia ficamos responsáveis de cuidar das máquinas na fábrica
>puta trabalho pesado, mas era o que tinha
>equanto fomos pegar algumas ferramentas, vimos algo incomum
>vimos um homem encapuzado andando na plataforma superior
>devia ser um trabalhador qualquer, pensamos
>poucos segundos depois uma reação em cadeia
>todas as máquinas estavam quebradas
>virei pro meu pai com uma cara de bunda
>ele só falou: corre
>começamos a correr o máximo que podíamos
>certeza que esses malditos iam botar a culpa em qualquer um
>foi exatamente o que houve
>próximo a saída, quatro oficiais apareceram
>começaram a surrar nós dois
>eu não me importava comigo, só com meu pai
>ele era a única coisa que me fazia querer viver
>a surra foi tão grande que apagamos
>acordei sentido meu sangue escorrer pela minha cara
>ao meu lado, meu pai estava na mesma situação
>mas estava desacordado
>tentei me manter o mais quieto possível
>para não perceberem que acordei
>—descarte o velhote, depois leve o pivete pra minha sala
>minha raiva não se conteve ao ouvir aquilo
>mas eu não podia agir, ainda não
>tinha apenas um homem na sala
>ele desamarrou meu coroa que estava apagado
>depois me desamarrou, mas não sabia que eu já estava acordado
>quando o homem o pegou
>simplesmente agi
>peguei aquela corda suja e puxei os pés dele
>caiu que nem bostakkkkkkkk
>meu pai também oporra
>coloquei ele de lado
>quando o maluco levantou, enrolei a corda no pescoço dele e puxei
>puxei tanto que acabei perdendo o equilíbrio
>cambaleei para trás e junto veio o merdinha
>apenas o chutei para trás antes de cair, isso o fez cair pela janela
>como eu ainda estava com a corda, ele morreu enforcado
>como nada é perfeito
>viram aquilo e vieram conferir no mesmo segundo
>quando chegaram eu estava abraçado ao meu pai, que havia acabado de acordar
>assumiram que ele era o culpado
>aparentemente estávamos ainda na fábrica
>no meio da noite, estavam apontando uma arma pra minha cabeça
>enquanto amarravam meu pai
>lembro de ver aquela janela de fora
>era a janela principal
>filhos da puta
>quando terminaram de fazer o nó, o jogaram por essa mesma janela
>a única coisa que lembro era ter gritado
>eu gritei tanto que perdi a voz e mesmo assim forçava o grito
>meu único amigo de verdade foi morto
>a sangue frio
>na frente dos meus olhos
>me deram uma coronhada na nuca
>apaguei
>quando acordei estava na frente de uma igreja
>a maior que tinha em Londres
>eu tava um trapo, mal conseguia me mexer
>um homem elegante passou por mim depois de algumas horas
>com pena, ele jogou uma moeda perto de mim
>não queria esmola
>sei que é burrice por conta da minha situação
>mas todo o dinheiro que ganhei foi trabalhando
>queria manter assim
>entretanto, algo me chamou a atenção naquela moeda
>era maior, robusta
>não parecia muito com as moedas que conheci
>a peguei para analisar
>tinha um desenho nela, me lembrava uma caveira de águia
>do outro lado, tinha uma cruz
>eu sabia de onde era
>era de uma igreja que havia fechado a anos por falta de dinheiro
>falta não, tinha dinheiro mas roubaram
>essa merda ficava do outro lado da cidade
>não tinha muito o que eu pudesse fazer
>comecei a andar
>tava tão fodido que desmaiei várias vezes antes de finalmente chegar
>entrei na igreja, ninguém
>tinha que ser burguês safado né
>sinto uma picada no pescoço, um dardo
>—mas que porra..?
>apago de novo
>acordo puto, não aguentava mais desmaiar
>antes que desse tempo de dizer algo
>8 individuos encapuzados apareceram na minha frente
>—uh.. olá?
>—rapaz, estamos aqui pois a verdade deve ser dita. Mais do que ninguém, você a merece.
>—verdade? Que verdade?
>—a verdade sobre seu pai.
>naquele segundo senti meu sangue ferver tão quente como metal derretido
>—jamais fale do meu pai de nov–
>—seu pai jacob era um homem de mistério, solitário..
>esqueci de dizer meu nome, me chamo jack
>—quando era um jovem como você, ele perdeu alguém muito importante, mas ele não desejou honrar o legado de sua linhagem. Por isso, nós oferecemos essa chance a você.
>aquilo não fazia muito sentido pra mim, o véio já esteve aqui?
>—honrar o legado? desembucha!
>—caso queira saber mais, jure que irá honrar a memória de seu pai e o legado de sua linhagem.
>não é como se aquilo fosse uma ceita satânica, eu podia sair quando quisesse
>—eu juro
>—muito bem, pois levante-se, jack
>eu levantei e todos eles me levaram para uma sala cheia de prata, ouro e esculturas de anjos encapuzados
>sinistro
>aquele mesmo homem me disse que meu pai entrou para aquele grupo
>atuou como um agente por anos
>mas quando conheceu minha mãe, desertou
>ele havia matado muitos políticos
>interrogado outras personalidades
>ele havia forçado james watt a construir seus equipamentos
>james fez apenas os diagramas para que pudessem fabricar mais
>o que ele fez foi uma manopla com uma lâmina retrátil
>um gancho automático
>e uma cápsula de veneno para dardos
>aquilo facilitou e muito o trabalho do meu pai e da ordem
>após meses estudando sobre o assunto
>os membros dessa ordem chamavam-se assassinos
>todos agiam em pról da liberdade na sociedade, igualdade e respeito
>até mesmo karl marx, um dos escritores, estava envolvido com os assassinos
>não matando e entrando em batalha
>mas divulgando os ideais da ordem por manuscritos
>era algo bem foda
>o mestre lewis veio ao meu encontro quando finalizei os estudos
>—após todo esse tempo estudando sobre nossa causa, está pronto para se juntar a ela?
>eu tinha uma escolha
>viver na escuridão para sempre, sem ver nada
>ou servir à luz a partir da escuridão
>eu queria vingar meu pai
>também queria livrar todos do mesmo sofrimento que passei
>—estou pronto, mestre.
>—muito bem, então, a partir de hoje o declaro um noviço na ordem dos assassinos. Levante-se, assassino, seu treinamento começará.
>10 anos depois
>aqui estou eu, escrevendo em um diário surrado que roubei de meu último alvo
>um homem que dirigia uma fábrica cujos funcionários eram constituídos por crianças somente
>é um porco imundo
>quando terminei de escrever, fui até a última página e arranquei uma folha
>passei essa mesma folha no sangue de seu pescoço e guardei os objetos no meu agasalho de couro
>o capuz escondia minha identidade
>o mau tempo me auxiliava, a chuva forte e a claridade baixa eram minhas aliadas
>de telhado em telhado, fiz meu caminho a uma das centenas de bases da ordem
>entreguei a amostra de sangue e me retirei à espera de novas instruções
>—"afaste tua lâmina da carne dos inocentes" esse mesmo inocente pode matar a esposa em casa ou bater no filho. Inocente o cacete.
>pareceu coisa do destino, enquanto fazia minha "patrulha" ouvi um grito
>num beco próximo, um homem tentava arrancar as roupas de uma prostituta
>eu era o único que podia impedir aquilo
>saltei do telhado e caí em cima do homem
>minha lâmina atravessou sua garganta
>a mulher saiu correndo, chorando. Meu trabalho estava feito
>sumi entre as sombras e durante semanas sem alvos, fiz os meus
>assassinei estupradores, pedófilos, chantagistas
>não me importava se era homem ou mulher
>eu era o único que podia fazê-lo
>meu mestre confessou que sou o assassino com maior talento desde maomé
>sim, maomé foi o primeiro de nós
>recebi um aviso de um outro assassino
>o aviso exigia minha presença na ordem, assim fui
>lá, todos os 8 do conselho estavam à minha espera
>na mesa, havia uma manchete
>"onda de assassinatos em Londres"
>—jack, explique-se.
>não havia muito o que fazer, eles sabiam que era eu
>—mestre, mulheres, crianças, todas podiam ter morrido se não fosse por mim
>—não cabe a ti escolher teus próprios alvos, nossa ordem não aceitará tamanha indisciplina!
>eu não estava arrependido, faria tudo de novo
>nosso propósito não é lutar a favor da liberdade, igualdade, respeito?
>tudo aquilo me parecia piada agora
>—mestre, por favor..
>—jack, você desonrou a ordem, assim como desonrou a memória do seu pai. Deixe seu equipamento e saia daqui.
>não tive escolhe, retirei minha manopla e facas, deixando-as sobre a mesa
>saí de lá fedendo a ódio
>como puderam fazer isso comigo? Seu melhor soldado
>minha visão estava vermelha, como o sangue
>eu precisava descarregar o que sentia
>virei no beco mais próximo e encontrei uma dessas prostitutas
>ainda bem que não tinha deixado tudo para trás
>empunhei uma faca escondida em minha bota
>apunhalei aquela mulher e senti o sangue quente em minhas mãos
>repeti aquilo mais 38 vezes, até cansar
>a larguei ali, naquele beco sujo e escuro
>minha raiva ainda não havia sido suprimida, muito pelo contrário, eu precisava de mais
>assim segui, matando mais de 30 pessoas
>claro que só descobriram onze, um inspetor incompetente como o abberline jamais descobriria o restante
>ao longo da minha vida tive alguns títulos
>jack, o novato
>jack, o prodígio
>jack, o assassino
>mas o meu favorito é jack, o estripador
>aqui finalizo minha história, nesse mesmo diário sujo que roubei de um dos alvos da ordem
>claro que nunca irão me encontrar
>para isso, eles precisariam saber a verdade sobre os assassinos
>aqueles hipócritas mal sabem
>que estou em uma cripta feita por mim logo abaixo da igreja
>estarão mortos quando descobrirem